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UM GRITO QUE ATRAVESSA GERAÇÕES!
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Psicose, 1960, de Alfred Hitchcock, é um daqueles filmes obrigatórios de ser assistido por todo cinéfilo que se preze; mesmo que não goste do gênero, mesmo que odeie o Mestre do Suspense e toda a sua obra. No entanto, pode acontecer, que por um motivo ou outro, ao longo do tempo, alguém que goste do gênero e que eleja, para o seu gosto pessoal, Alfred Hitchcock, como um dos seus 5 diretores preferidos, ainda não ter assistido a este clássico fenomenal deste também fenomenal diretor. É o que tinha ocorrido comigo. Digo, tinha, porque esta falha já foi sanada. Sempre quis assistir o filme, por várias vezes estive para alugar a fita (VHS) e sempre optava por outro filme do diretor, mesmo aquele que eu já havia assistido. Creio que o bloqueio era, talvez, pelo fato de temer que a obra máxima (considerada por vários críticos) de Hitchcock não fizesse jus a sua fama. Quando saiu em DVD, logo comprei um exemplar para mim, assim como comprei vários outros filmes do diretor. Porém, Psicose ficou ainda um bom tempo acomodado na estante de minha Filmoteca (hoje, DVDTECA) particular. Mas um dia, sem eu menos perceber, estava diante da TV, com uma taça de vinho branco na mão, pronto para assistir ao filme.
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A sinopse é conhecida de todos, o grito já foi ouvido em todos cantos e becos do mundo, no entanto, uma pergunta, cuja resposta nem todos conhecem, sempre ficou no ar: Como se faz para criar um clássico do porte de Psicose?
Bem, vamos tentar responder!
Primeiro, coloque na direção um mestre. Ou melhor, um mestre de suspense. Para ser mais exato, coloque Alfred Hitchcock na direção. Pois ele sempre tem boas histórias, sempre tem ótimas idéias. Hitchcock comprou anonimamente os direitos do livro de Robert Bloch, por apenas US$ 9 mil. Logo distribuiu várias cópias do livro, mantendo sempre segredo sobre o final da história.
Segundo, como a história do filme é, no mínimo, perigosa; deixe que o mestre seja o produtor do filme também. Além disso, permitam que ele contrate todos os outros profissionais, principalmente os atores. Desta maneira, o roteiro foi entregue a Joseph Stefano, a música para o grande Bernard Hermann, fotografia para John L. Russel, a arte para Robert Clatworthy e Joseph Hurley, figurino para Helen Colvig e Rita Riggs, e, a edição para George Tomasini. Várias atrizes estiveram cotadas para o papel de Marion Crane: Eva Marie Saint, Piper Laurie, Martha Hyer, Hope Lange e Lana Turner; mas a preferida foi Janet Leigh. E no papel do atormentado Norman Bates, ninguém melhor do que Anthony Perkins.
Terceiro, permita que ele inove para dar mais realismo nas cenas. Uma modelo nua foi utilizada por Hitchcock em algumas das cenas do chuveiro, na intenção de criar realismo. O som ouvido do facão encravando no corpo de Marion é na verdade o som de um facão encravando em um melão. O sangue na cena do chuveiro é na verdade calda de chocolate. Psicose foi filmado em preto e branco por opção do próprio Alfred Hitchcock, que considerava que a cores o filme ficaria “ensangüentado” demais. Coisa de mestre! Pois se o filme houvesse sido filmado em cores, o impacto não seria o mesmo.
Quarto, permita que o diretor e também produtor economize nas filmagens. Para economizar nos custos da produção, Hitchcock resolveu utilizar em Psicose boa parte do elenco de sua série exibida na TV americana. Até mesmo a filha do mestre, Patricia Hitchcock foi “convocada!” Psicose custou apenas US$ 800 mil e faturou mais de US$ 40 milhões nas bilheterias. Foi refilmado em 1998, tendo também recebido o nome Psicose. Aliás, uma bobagem que nunca deveria ter acontecido. Antes teve as continuações Psicose 2 (1983), Psicose 3 (1986) e Psicose 4 – A Revelação (1990). Também todos descartáveis. Além de ter influenciado muitos outros filmes. Uma obsessão dos cineastas fãs de Hitchcock é a famosa cena do assassinato do chuveiro. E um destes cineastas fãs de Hitchcock, é o conhecido diretor Brian De Palma.
Por fim, só não queira que um mestre “amaldiçoado” como Hitchcock seja premiado. Psicose recebeu 4 indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante (Janet Leigh), Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte – Preto e Branco. Mas não recebeu nada! Coisas da tal Academia. Ganhou apenas o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante (Janet Leigh). No entanto, o que fica é a cena do chuveiro: a água caindo, o sangue escorrendo, o horror da morte, o mistério que se encerra. Fica Psicose, mais um grande clássico do Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock.

Ao final do filme, constatei que sua fama era justa e merecida. Psicose é, sem dúvidas, um dos melhores filmes de suspense de todos os tempos.
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